FLOR DO CAMPO
De onde vim?
Eu, pobre menina
De pé no chão, calos na mão
Talvez seja minha sina!
Quem se fascina?
Fina, talvez passo fome,
Tenho nome. Mas do que adianta saber?
Não preciso aprender,
Sou matuta, sou da terra
A que me espera quando eu morrer
Do que adianta aquele tanto de conta? Anta
Aquele tanto de letra? Besta
Que embaralha só de ver.
É tudo diferente, não tem nada a ver com a gente
E o que se aprendi
É que tem que sair do campo pra sobreviver
Logo eu, que gosto de acordar com os passarinhos a cantar...
Isso era o que eu pensava
Antes de conhecer minha professora Maria
Pra ela tudo era fantasia e assim ensinava a ler.
Quando aprendi a escrever eu tinha sede;
Escrevia no caderno, na carteira e na parede;
Qualquer lugar era lugar pra rabiscar.
Mais até isso Maria me ensinou. CI - DA - DA – NI - A
Vivia na boca de Maria.
Conserve o patrimônio público,
Cuide do seu ambiente,
Seja educado, construa o mundo diferente!
Era pesquisar, era texto pra ler, interpretar e escrever.
Todo mundo aprendia contente
Com a realidade da gente.
Não tinha nada de Ivo viu a uva
E sim de Ivo comeu a graviola o mangustim a tangerina e o mamão.
E o melhor de tudo e que eu não precisei sair da minha terra
Tudo que agente produzia vendia.
Continuo no campo,
Mas sonhando com um campo melhor.
Agradeço as parcerias e as tantas e tantas Marias que nos permitem sonhar.
A você professora, a você professor
Que com tanto amor
As dificuldades nem olhou e estão a ensinar.
Os professores a quem canto
São as flores do campo
Que perfumam este lugar!
Autora
Andréa Grigó
rio